História
Livros só mudam pessoas
“A verdadeira universidade de hoje é uma coletânea de livros. ”
Thomas Carlyle
Durante vários anos liderei a área de marketing numa editora pertencente na época à Harper Collins, um dos maiores grupos editoriais do mundo. Visitei centenas de livrarias em todo o país e fiquei preocupado ao ver que as equipes tinham pouca intimidade com os livros, com honrosas exceções em algumas grandes redes.
“Antes de começar a mudar o mundo, dê três voltas dentro de casa”, apregoa o provérbio chinês. Como o panorama interno na empresa também não era dos melhores, instituí uma campanha de leitura para o meu grupo. Compramos um bonsai para cada um e cada livro lido dava direito a colocar uma pequena fruta.
O significado da palavra bonsai (“cultivo e cuidado de uma árvore plantada em uma bandeja”) trouxe um pouco de lirismo à empreitada e em pouco tempo as arvorezinhas estampavam vários frutos. Certamente muitos até hoje colhem os resultados daquela ação simples, porém eficiente.
Meses antes de a editora ser vendida criei um blog. Um pouco de observação sobre o tipo de texto em vários sítios revelou que a sacrossanta liberdade proporcionada pela internet favorecia o proselitismo. Apontar erros em pessoas ou instituições não era (e é) suficiente. A suposição um tanto arrogante de que as ideias próprias eram melhores sempre vinha acompanhada do desejo de que deveriam ser seguidas incondicionalmente. No fundo (e no raso), uma simples troca de cabresto.
Decidi que era hora de ajudar a galera a desenvolver a capacidade de reflexão e nada melhor que a companhia dos livros para esse mister. Desde 2008 já distribuí centenas de livros para quem se compromete a mensalmente expor o que leu. A experiência mostra que compromissos assumidos publicamente são mais fortes. Embora não seja o foco da mobilização, um pouco de competitividade também ajuda a manter a motivação.
Em 2010 a iniciativa foi destaque em vários sites. Durante esse tempo também estive em várias cidades falando sobre a importância da leitura. Compartilhei especialmente com o público jovem várias dicas para desenvolver esse hábito cujos benefícios sempre se espalham ao nosso redor.
Manifesto meu carinho e gratidão a todos que voluntariamente têm me ajudado durante esses anos. Guardo no coração incontáveis relatos de mudanças proporcionadas por esses amigos de papel (e agora também eletrônicos). Como diz o adágio, semear pequenos atos redunda em hábitos, e o resultado deles é o caráter. Esta é a minha missão. Este é o meu destino.
RT