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Cristina Danuta

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Professores listam seriados e filmes para estudar história

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Séries como “House of Cards” podem ajudar a entender contextos históricos, econômicos e até questões contemporâneas que pareçam super complexas nos livros

 

Hugo Araújo, no UOL

Na sua rotina de escola ou cursinho pré-vestibular, provavelmente você deve ter aquele tempo de descanso em que assiste a seu seriado favorito ou vai ao cinema, não é? Essas estão entre as formas de diversão mais populares na correria entre escola, casa e obrigações.

Mas saiba que, enquanto você se diverte, dá para memorizar um conteúdo que aprendeu na escola de uma forma descontraída e humanizada. Você entende contextos históricos, econômicos e até questões contemporâneas, que podem parecer super complexas nos livros, por meio das histórias de personagens. É uma maneira divertida de estudar.

Danilo Zanetti, professor de história da escola Dínamis, listou seriados que retratam diferentes momentos históricos. Já Camila Alexandrini, professora de português e literatura da plataforma “Me Salva!”, selecionou filmes que tratam de questões contemporâneas. Confira a lista abaixo:

1. “House of Cards”

Para o professor Danilo Zanetti, o seriado é interessante para observar as questões políticas, a disputa de poder e as articulações nos bastidores do governo norte-americano. “É bom lembrar que estamos em ano de eleição presidencial nos Estados Unidos, então, assuntos relacionados ao País, como sua independência, Constituição, política externa e interna e a questão racial são frequentemente cobrados nos vestibulares”, diz.

2. “Anti-herói americano

A professora Camila Alexandrini recomenda o longa também para pensar sobre os Estados Unidos. Inspirado na história real do quadrinista Harvey Pekar, o filme, segundo ela, serve de ponto de partida para refletir sobre “a crise do sonho americano”. “Esse assunto tem sido bastante frequente com as eleições norte-americanas e a candidatura do republicano Donald Trump”, conta.

3. “Downton Abbey”

“A história deste seriado começa no dia do naufrágio do Titanic e acompanha as consequências do evento na vida de uma família nobre da Inglaterra. Podemos observar a Primeira Guerra Mundial, a luta pelo voto feminino, os conflitos políticos e a decadência do sistema social”, conta o professor Danilo Zanetti.

4. “Cidade de Deus – 10 anos depois”

A professora Camila Alexandrini recomenda o documentário “Cidade de Deus – 10 anos depois” para refletir sobre a questão negra. “Ele fala sobre os atores do filme ‘Cidade de Deus’, que são quase todos negros, e quais são as carreiras que eles tiveram dez anos depois. Em resumo, muitos não trabalham mais com televisão ou cinema ou, se atuam, é como um personagem que é ladrão ou morador de rua. Eles sofrem preconceito também no cinema”, explica.

5. “The Tudors”

Para o professor Danilo Zanetti, o seriado “The Tudors” ajuda a estudar a Reforma Protestante na Europa e a formação da Igreja Anglicana. “É uma série baseada na história de Henrique VIII, rei da Inglaterra e responsável por fundar sua própria igreja, além de se separar de sua primeira esposa para casar com outra, atitude impensável para a época”, conta.

6. “Transamérica”

Para refletir sobre a questão da transexualidade, a recomendação da professora Camila Alexandrini é o filme “Transamérica”. “Ele fala sobre uma transexual e todo processo pelo qual ela passa para conseguir a identidade, ser aceita na sociedade e também o quanto ela reproduz um padrão de mulher que talvez deveria combater”, afirma.

7. “Anos Rebeldes”

Esta série brasileira retrata o Rio de Janeiro durante o período da ditadura militar. “Ela tem uma visão romantizada e própria da classe média da época, porém mostra parte da realidade vivida no período da ditadura civil-militar de 1964, tema recorrente nos vestibulares e na nossa contemporaneidade”, explica Danilo Zanetti.

8. “Xingu”

O filme brasileiro “Xingu” pode ser interessante para aprender sobre a questão indígena, segundo a professora Camila Alexandrini. O longa narra a história dos irmãos Villas-Boas, durante uma expedição que percorreu a área central do Brasil nos anos 1940.

Jovem reutiliza filtros para compor poesia e ‘serve’ com cafezinho em MG

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Poeta usa filtros de café usados para compor poemas em parque de São Lourenço (Foto: Reprodução EPTV)

 

Poeta fica em parque com máquina escrevendo versos em filtros de café.
Apreciadores podem tomar café e comprar livro do autor de São Lourenço.

Publicado no G1

Filtros de café usados, uma máquina de escrever e muita imaginação. É assim que Carlos Alberto La Terza Júnior, de São Lourenço (MG), compõe poesias. O artista passa os dias escrevendo nos filtros e com o mesmo material, ele fez seu primeiro livro. Durante o período de férias escolares, ele exibiu o trabalho no Parque das Águas, e atraiu curiosos e admiradores.

É ao ar livre que as palavras tomam sentido na cabeça do poeta. “Eu transformo as ideias em poesias, as poesias em livros e tento fazer a diferença”, tenta resumir La Terza Júnior sobre seu método de composição.

O barulho da máquina, ali no meio do Parque das Águas, atrai curiosos. E não é só isso, a poesia é servida para os apreciadores regada a café quentinho. Não demora muito para surgir em volta do poeta uma roda de bate-papo.

“Ótimo, estava doida pra tomar um café, passei aqui já tomei”, brinca a dona de casa Luci Ferreira Villela. “Com poesia é melhor ainda.”

O poeta completa. “A poesia, ela cria laços. A poesia só existe se for de um para o outro, ela nunca é de um só. Pra existir o poeta, tem que existir o leitor, e nesse processo se faz muitas amizades.”

Primeiro livro foi todo confeccionado com filtros de café usados (Foto: Reprodução EPTV)

Livro sustentável
Há quase dois meses La Terza Júnior percorre cidades do Sul de Minas para espalhar poesia com sua máquina de escrever. Foi assim que nasceu o primeiro livro, “Leite de Pedra”.

“Você ‘tirar leite de pedra’, realizar um trabalho difícil, algo impossível, ou que se diz impossível, mas também tem a ver com a água, por eu ter nascido em São Lourenço, que é a ‘cidade das águas’. A água é o leite da pedra ‘né'”, completa.

O livro ainda veio com aroma de café. As páginas foram feitas de filtro de café, desses mesmo que a gente usa pra coar a bebida. A ideia de reaproveitar o material surgiu quando ele lavava louça em casa e viu naqueles papeis uma nova função.

A consultora Juliana Badin mora nos Estados Unidos. Passando pelo local, o poeta e seus filtros chamaram a atenção dela, já que nunca tinha visto nada parecido. “É uma ideia boa, que lá não existe, dá pra levar pra fora sim”, comenta.

Curiosos tomam cafezinho enquanto poeta compõe em filtros (Foto: Reprodução EPTV)

Pra finalizar, o poeta deixa sua poesia. “Escutei uma música inédita, composta por 3 passarinhos, uma fresta de água correndo, e o barulho do vento baixinho.”

Prêmio São Paulo de Literatura 2016 anuncia finalistas

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Mia Couto fala sobre literatura e realidade na Fliporto 2012 (Foto: Luna Markman/G1)

 

Com R$ 400 mil, disputa literária entrega a maior premiação do Brasil.
Pela primeira vez, um estrangeiro, Mia Couto, foi selecionado.

Publicado no G1

A organização do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 anunciou, nesta quarta-feira (3), os 20 livros finalistas de sua nona edição (veja a lista). Promovida pelo Governo do Estado de São Paulo, a disputa se divide em três categorias: Melhor Livro de Romance do Ano (o ganhador leva R$ 200 mil), Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com mais de 40 anos (o ganhador leva R$ 100 mil) e Melhor Livro de Romance do Ano – Autor Estreante com menos de 40 anos (o ganhador também leva R$ 100 mil).

Inspirado no Man Booker, principal distinção da literatura britânica, e criado em 2008, o Prêmio SP de Literatura é o maior do país em valor individual. Ainda não há data nem local definidos para a cerimônia deste ano.

Em 2016, foram inscritos ao todo 175 livros: 79 na categoria livro do ano, 52 para estreante com mais de 40 anos e e 44 para estreante com menos de 40 anos. O regulamento exige que as obras sejam do gênero romance de ficção, escritas originalmente em português e com primeira edição e comercialização mundial obrigatoriamente no Brasil entre 1º de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2015.

A regra possibilitou que, pela primeira vez, um livro de autor estrangeiro ficasse entre os finalistas: “Mulheres de cinzas – As areias do imperador” (Companhia das Letras), de Mia Couto, cuja primeira edição circulou no país. Um livro que tivesse sido originalmente escrito em língua portuguesa, mas publicado primeiro Portugal, por exemplo, não poderia concorrer.

O júri da primeira fase teve nove integrantes, todos ligados a àrea do livro e da leitura, entre escritores, editores, críticos, acadêmicos e livreiros. São eles: Claudia Abeling, Gênese Andrade da Silva, Hélio de Seixas Guimarães, Jiro Takahashi, José Luiz Chicani Tahan, Livia Deorsola Nogueira-Pinto, Maria da Aparecida Saldanha, Mirhiane Mendes de Abreu e Ricardo de Medeiros Ramos Filho.

Já o júri final terá cinco profissionais do meio literário: Adriano Schwartz, Elisabeth Brait, Estêvão Andozia Azevêdo, Heloisa Beatriz Goulart Jahn e Ronald Polito de Oliveira.

A curadoria do Prêmio São Paulo de Literatura 2016 é formada por Fonseca Ferreira, Pierre André Ruprecht, Samuel de Vasconcelos Titan Junior, Sandra Regina Ferro Espilotro e Sueli Nemen Rocha.

Veja, a seguir, os finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2016:

Melhor Livro de Romance do Ano de 2015 (R$ 200 mil)
Beatriz Bracher – “Anatomia do paraíso” (Editora 34)
João Almino – “Enigmas da primavera” (Record)
Julián Fúks – “A resistência” (Companhia das Letras)
Marcelo Rubens Paiva – “Ainda estou aqui” (Alfaguara)
Mia Couto – “Mulheres de cinzas – As areias do imperador” (Companhia das Letras)
Nei Lopes – “Rio Negro, 50” (Record)
Noemi Jaffe – “Írisz: As orquídeas” (Companhia das Letras)
Paula Fábrio – “Um dia toparei comigo” (Editora Foz)
Raimundo Carrero – “O senhor agora vai mudar de corpo” (Record)
Santana Filho – “A casa das marionetes” (Editora Reformatório)

Melhor Livro do Ano de Romance – Autor Estreante com mais de 40 anos (R$ 100 mil)
Eda Nagayama – “Desgarrados” (Cosac Naify)
Marcelo Maluf – “A imensidão íntima dos carneiros” (Editora Reformatório)
Robertson Frizero – “Longe das aldeias” (Editora Dublinense)

Melhor Livro do Ano de Romance – Autor Estreante com menos de 40 anos (R$ 100 mil)
Alex Sens – “O frágil toque dos mutilados” (Autêntica)
Isabela Noronha – “Resta um” (Companhia das Letras)
Julia Dantas – “Ruína y leveza “(Não Editora)
Rafael Gallo – “Rebentar” (Record)
Sheyla Smanioto – “Desesterro” (Record)
Tércia Montenegro – “Turismo para cegos” (Companhia das Letras)
Tomas Rosenfeld – “Para não dizer que não falei de Flora” (7 Letras)

Bem-formada, nova geração chega mal-educada às empresas, diz filósofo

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Cortella lança o livro “Por que fazemos o que fazemos?” sobre a busca de propósito no trabalho

 

Segunda-feira, seis da manhã. O despertador toca e você não quer sair da cama. Está cansado? Ou não vê sentido no que faz?

na BBC Brasil

Na introdução de seu novo livro, o filósofo e escritor Mario Sergio Cortella coloca em poucas palavras o questionamento central da obra Por que fazemos o que fazemos?. Lançada em julho, ela trata da busca por um propósito no trabalho, uma das maiores aflições contemporâneas.

Em entrevista à BBC Brasil, Cortella, também doutor em Educação e professor, fala como um mundo de múltiplas possibilidades levou as pessoas a negarem ser apenas uma peça na engrenagem.

O filósofo explica como a combinação de um cenário imediatista, anos de bonança e pais protetores fez com que a “busca por propósito” dos jovens seja muitas vezes incompatível com a realidade.

“No dia a dia, eles se colocam como alguém que vai ter um grande legado, mas ficam imaginando o legado como algo imediato.”

Essa visão “idílica”, afirma, transforma escritórios e salas de aula em palcos de confronto entre gerações.

“Parte da nova geração chega nas empresas mal-educada. Ela não chega mal-escolarizada, chega mal-educada. Não tem noção de hierarquia, de metas e prazos e acha que você é o pai dela.”

Leia os principais trechos da entrevista abaixo:

BBC Brasil – O que desencadeou a volta da busca pelo propósito?

Mario Sergio Cortella – A primeira coisa que desencadeou foi um tsunami tecnológico, que nos colocou tantas variáveis de convivência que a gente fica atordoado.

A lógica para minha geração foi mais fácil. Qual era a lógica? Crescer, estudar. Era escola, e dependendo da tua condição, faculdade. Não era comunicação em artes do corpo. Era direito, engenharia, tinha uma restrição.

Essa overdose de variáveis gerou dificuldade de fazer escolhas. Isso produz angústia em relação a esse polo do propósito. Por que faço o que estou fazendo? Faço por que me mandam ou por que desejo fazer? Tem uma série de questões que não existiam num mundo menos complexo.

Não foi à toa que a filosofia veio com força nos últimos vinte anos. Ela voltou porque grandes questões do tipo “para onde eu vou?”, “quem sou eu?”, vieram à tona.

Livro de Cortella foi lançado em julho e traz reflexão sobre trabalho

 

BBC Brasil – Podemos dizer que nesse contexto vai ser cada vez menor o número de pessoas que não tem esses questionamentos?

Mario Sergio Cortella – Cada vez menor será o número de pessoas que não se incomoda com isso. O próprio mundo digital traz o tempo todo, nas redes sociais, a pergunta: “por que faço o que faço?”, “por que tomo essa posição?”. E aquilo que os blogs e os youtubers estão fazendo é uma provocação: seja inteiro, autêntico. É a expressão “seja você mesmo”, evite a vida de gado.


BBC Brasil – No seu livro, você fala da importância do reconhecimento no trabalho. Qual é ela?

Mario Sergio Cortella – O sentir-se reconhecido é sentir-se gostado. Esse reconhecimento é decisivo. A gente não pode imaginar que as pessoas se satisfaçam com a ideia de um sucesso avaliado pela conquista material. O reconhecimento faz com que você perca o anonimato em meio à vida em multidão.

No fundo, cada um de nós não deseja ser exclusivo, único, mas não quer ser apenas um. Eu sou um que importa. E sou assim porque é importante fazer o que faço e as pessoas gostam.

BBC Brasil – Pelo que vemos nas redes sociais, os jovens estão trazendo essa discussão de forma mais intensa. Você percebeu isso?

Mario Sergio Cortella – Há algum tempo tenho tido leitores cada vez mais jovens. Como me tornei meio pop, é comum estar andando num shopping e um grupo de adolescentes pedir para tirar foto.

Uma parcela dessa nova geração tem uma perturbação muito forte, em relação a não seguir uma rota. E não é uma recuperação do movimento hippie, que era a recusa à massificação e à destruição, ao mundo industrial.

Hoje é (a busca por) uma vida que não seja banal, em que eu faça sentido. É o que muitos falam de ‘deixar a minha marca na trajetória’. Isso é pré-renascentista. Aquela ideia do herói, de você deixar a sua marca, que antes, na idade média, era pelo combate.

O destaque agora é fazer bem a si e aos outros. Não é uma lógica franciscana, o “vamos sofrer sem reclamar”. É o contrário. Não sofrer, se não for necessário.

Uma das coisas que coloco no livro é que não há possibilidade de se conseguir algumas coisas sem esforço. Mas uma das frases que mais ouço dos jovens, e que para mim é muito estranha, é: quero fazer o que eu gosto.

‘Tsunami tecnológico’ gerou volta da busca por um propósito, diz Cortella

 

BBC Brasil – Esse é um pensamento comum entre os jovens quando se fala em carreira.

Mario Sergio Cortella – Muito comum, mas está equivocado. Para fazer o que se gosta é necessário fazer várias coisas das quais não se gosta. Faz parte do processo.

Adoro dar aulas, sou professor há 42 anos, mas detesto corrigir provas. Não posso terceirizar a correção, porque a prova me mostra como estou ensinando.

Não é nem a retomada do ‘no pain, no gain’ (‘sem dor, não há ganho’). Mas é a lógica de que não dá para ter essa visão hedonista, idílica, do puro prazer. Isso é ilusório e gera sofrimento.

BBC Brasil – O sofrimento seria o choque da visão idílica com o que o mundo oferece?

Mario Sergio Cortella – A perturbação vem de um sonho que se distancia no cotidiano. No dia a dia, a pessoa se coloca como alguém que vai ter um grande legado, mas fica imaginando o legado como algo imediato.

Gosto de lembrar uma história com o Arthur Moreira Lima, o grande pianista. Ao terminar uma apresentação, um jovem chegou a ele e disse ‘adorei o concerto, daria a vida para tocar piano como você’. Ele respondeu: ‘eu dei’.

Há uma rarefação da ideia de esforço na nova geração. E falo no geral, não só da classe média. Tivemos uma facilitação da vida no país nos últimos 50 anos – nos tornamos muito mais ricos. Isso gerou nas crianças e jovens uma percepção imediatizada da satisfação das necessidades. Nas classes B e C têm menino de 20 anos que nunca lavou uma louça.

BBC Brasil – Quais as consequências dessa visão idealizada?

Mario Sergio Cortella – Uma parte da nova geração perde uma visão histórica desse processo. É tudo ‘já, ao mesmo tempo’. De nada adianta, numa segunda-feira, castigar uma criança de cinco anos dizendo: sábado você não vai ao cinema. A noção de tempo exige maturidade.

Vejo na convivência que essa geração tem uma visão mais imediatista. Vou mochilar e daí chego, me hospedo, consigo, e uma parte disso é possível pelo modo que a tecnologia favorece, mas não se sustenta por muito tempo.

Quando alguns colocam para si um objetivo que está muito abstrato, sofrem muito. Eu faço uma distinção sempre entre sonho e delírio. O sonho é um desejo factível. O delírio é um desejo que não tem factibilidade.

Muitos jovens querem deixar grande legado, mas não tem noção de esforço, diz filósofo

 

BBC Brasil – Muitos deliram nas suas aspirações?

Mario Sergio Cortella – Uma parte das pessoas delira. Ela delira imaginando o que pode ser sem construir os passos para que isso seja possível. Por que no campo do empreendedorismo existe um nível de fracasso muito forte? Porque se colocou mais o delírio do que a ideia de um sonho.

O sonho é aquilo que você constrói como um lugar onde quer conquistar e que exige etapas para chegar até lá, ferramentas, condições estruturais. O delírio enfeitiça.

BBC Brasil – Qual é o papel dos pais para que a busca pelo propósito dos jovens seja mais realista?

Mario Sergio Cortella – Alguns pais e mães usam uma expressão que é “quero poupar meus filhos daquilo que eu passei”. Sempre fico pensando: mas o que você passou? Você teve que lavar louça? Ou está falando de cortar lenha? Você está poupando ou está enfraquecendo? Há uma diferença. Quando você poupa alguém é de algo que não é necessário que ele faça.

Tem coisas que não são obrigatórias, mas são necessárias. Parte das crianças hoje considera a tarefa escolar uma ofensa, porque é um trabalho a ser feito. Ela se sente agredida que você passe uma tarefa.

Parte das famílias quer poupar e, em vez de poupar, enfraquece. Estamos formando uma geração um pouco mais fraca, que pega menos no serviço. Não estou usando a rabugice dos idosos, ‘ah, porque no meu tempo’. Não é isso, é o meu temor de uma geração que, ao ser colocada nessa condição, está sendo fragilizada.

BBC Brasil – Sempre lemos e ouvimos relatos de conflitos entre chefes e subordinados, alunos e professores. Como se explicam esses choques?

Mario Sergio Cortella – Criou-se um fosso pelo seguinte: crianças e jovens são criados por adultos, que são seus pais e mantêm com eles uma relação estranha de subordinação. A geração anterior sempre teve que cuidar da geração subsequente e essa vivia sob suas ordens.

A atual geração de pais e mães que têm filhos na faixa dos dez, doze anos, é extremamente subordinada. Como há por parte dos pais uma ausência grande de convivência, no tempo de convivência eles querem agradar. É a inversão da lógica. Eu queria ir bem na escola para os meus pais gostarem, não era só uma obrigação.

Essa lógica faz com que, quando o jovem vai conviver com um adulto que sobre ele terá uma tarefa de subordinação, na escola ou trabalho, haja um choque. Parte da nova geração chega nas empresas mal-educada. Ela não chega mal-escolarizada, chega mal-educada.

Não tem noção de hierarquia, de metas e prazos e acha que você é o pai dela. Obviamente que ela também chega com uma condição magnífica, que é percepção digital, um preparo maior em relação à tecnologia.

Uma micro-biblioteca feita de embalagens de sorvete

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Publicado no Boas Notícias

A fachada de uma micro-biblioteca em Bandung, Indonésia, foi construída com mais de 2.000 caixas de sorvete. Este projeto original quer incentivar o interesse das pessoas pelos livros ao oferecer um espaço dedicado à leitura e à aprendizagem.

Localizada numa pequena praça usada pela comunidade local para momentos de convívio e atividades desportivas e sendo construída no ar quase como um espaço flutuante, esta biblioteca adiciona espaço em vez de roubar área ao terreno.

A praça está localizada entre um bairro de classe média e um bairro social, servindo assim de ligação entre toda a comunidade. Para além do design inovador, a biblioteca oferece sombra e proteção da chuva.

De acordo com informação no portal ArchDaily, as caixas de sorvete foram escolhidas para fazer as paredes por serem um material econômico mas também devido ao clima tropical de Bandung, que ronda uma média de 23º C durante todos os meses do ano, com picos de 32º C.

Nesta zona, para manter os sítios fechados frescos é normalmente necessário ar condicionado, mas com esta solução do atelier de arquitectura SHAU o espaço fica bem ventilado uma vez que o fundo de algumas das caixas foram cortados, enquanto outras ficaram fechadas. Esta solução permite que o ar circule por todo o espaço e que entre a quantidade certa de luz.

A biblioteca vista por fora de noite © SHAU

 

Os responsáveis do projeto escreveram, na fachada, uma mensagem através de código binário, usando as caixas abertas para simbolizar o zero e as caixas fechadas para simbolizar o um. As palavras elegidas foram “buku adalah jendela dunia”. Em português significam “os livros são a janela para o mundo”.

O espaço foi desenhado pela firma de arquitetura SHAU, dedicada a encontrar “soluções de design inovadoras que incorporam preocupações sociais e ambientais no processo de design”.

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